Esse trabalho nos fez ver como tudo começou em nosso país. Percebemos que a história do Brasil foi construída através de anos de explorações, de atitudes impensadas e de muito egoísmo. Estamos percebendo todas as mentiras que nos foram ensinadas durante todos esses anos e conhecendo melhor nossas raizes, nossa miscigenação.
Em 1500 diz-se que Pedro Álvares Cabral estava indo a caminho das Índias, se perdeu e acabou parando no Brasil onde disseram que havia descobrindo-o. Mas será que realmente foi um descobrimento? Eles chegaram a um local onde já havia uma população maior que a deles, população que já tinha seus costumes e suas culturas. Será que não podemos considerar uma invasão? Esta população que habitava o Brasil foi chamada de índio o que inclusive é incorreto, pois cada grupo indígena tem sua cultura, seu idioma, são como ingleses e franceses, e não um único grupo. Os grupos indígenas são divididos de acordo com o idioma: - o tronco Tupi: que são sete e destaca-se o tupi-guarani; - o tronco Arawak; - o tronco Macrojê. Apesar de toda a diferença cultural, dos grupos indígenas eles também se pareciam em alguns aspectos, pela pouca vestimenta e principalmente pela sociedade “comunista”. Não existia um chefe, não existiam divisões, era tudo de todos e para todos. Já o Antropofagismo como muitos pensam, não era característica comum a todas as tribos, estava diretamente ligado à cultura e não era característica comum entre os índios.
Fonte: Nova história crítica do Brasil: 500 anos de história malcontada / Mario Furley Schimidt. - São Paulo: Nova Geração, 1997.
O açúcar era muito valorizado e raro na Europa. Os portugueses começaram a produzir açúcar aqui no Brasil, financiados pelos genoveses e holandeses. A maior parte da produção era no nordeste, onde o solo de massapé é muito fértil. Engenhos é o nome dado a toda unidade de produção. Quem trabalhava ali era escravo. Sua jornada de trabalho era longa e extremamente desgastante, por isso a expectativa média de vida/trabalho de um escravo era de 10 anos. Mas também havia trabalhadores livres e especializados que eram necessários para o bom funcionamento do engenho. A sociedade açucareira tinha classes sociais fixas, sem perspectiva de mudanças. A vida era basicamente rural e a maior parte da população vivia nos engenhos. O senhor do engenho era patriarca da família e comandava todos com rigidez. As mulheres eram tratadas como objetos, e os filhos deviam ser submissos incondicionalmente ao pai. O gado também era uma figura importante no engenho, para transporte, alimento, couro e energia. A criação era extensa e rentável; os trabalhadores em maior parte eram livres. Essa atividade focava o mercado interno.
Fonte: Nova história crítica do Brasil: 500 anos de história malcontada / Mario Furley Schimidt. - São Paulo: Nova Geração, 1997.
Os EUA e o Brasil foram colonizados na mesma época. Porque os EUA tiveram um melhor desenvolvimento? Será que é pelo fato de ter sido colonizado pelos ingleses? Não... O fato é que ainda não haviam descoberto ouro nos EUA. O clima e o solo eram bons, mas eram semelhantes aos da Inglaterra. Então a Inglaterra “abandonou” a nova terra, pois não teriam lucro. Os camponeses expulsos de suas terras, artesãos arruinados pelo crescimento das manufaturas, perseguidos religiosos e políticos da Inglaterra foram para os EUA, que então virou uma colônia de povoamento. Já no Brasil, os portugueses encontraram um clima e um solo ótimo para o cultivo do açúcar e no século XIX foi descoberto ouro em grandes quantidades, tornando então, colônia de exploração. Desde o início da colonização o Brasil foi um país desigual. As pessoas que vieram de Portugal eram geralmente de dois tipos: 1- Ricos latifundiários que podiam comprar escravos; 2- A maioria era pobre e tinha que se submeter ao latifundiário. A sociedade deveria beneficiar somente uns poucos. Portugal e os ricos latifundiários. A colonização deu certa principalmente por causa do açúcar. Um pedaço enorme de Brasil produzia açúcar (monocultura), desgastando o solo e destruindo as florestas. Os fazendeiros precisavam de trabalhadores, a população de Portugal era pequena e a cultura indígena é totalmente diferente do capitalismo. Os índios tinham seus costumes e não precisavam do branco para sobreviver, então os portugueses começaram a usar o regime de escravidão. Em 1540 a 1620, as plantações de cana-de-açúcar usavam principalmente os índios como escravos. Depois disso, os fazendeiros começaram a comprar escravos da África, até que o número que negros ficou superior ao número de índios no mercado de escravos. Quando os portugueses chegaram ao Brasil havia cerca de 5 milhões de índios. Hoje existem aproximadamente 200 mil. Os portugueses queriam escravizá-los, mas eles resistiam dessa maneira eles os dizimavam com suas armas mais “sofisticadas”. De início, a vinda dos negros já não era tranqüila. Vinham em um navio no qual eles ficavam no porão, comendo restos e vivendo com ratos. Muitos não agüentavam e morriam no caminho. Os que chegavam eram vendidos como animais e tratados pior ainda por seus “donos”. Eram severamente punidos por coisas insignificantes e marcados quando fugiam. Negras eram estupradas e se ficassem grávidas eram obrigadas a abortar ou vender seus filhos. Algumas vezes, escravos conseguiam fazer uma fuga em massa e se refugiavam em quilombos, aonde eles produziam com igualdade e acatavam todos os fugitivos oprimidos, como os índios, por exemplo. Era uma sociedade alternativa e democrática, aonde mantinham contato com quilombos de outros países. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, trouxeram doenças das quais os índios não tinham imunidade, proteção que a igreja tinha em relação aos índios. Eles só podiam ser escravizados no caso de ataque aos portugueses. Assim sendo os portugueses “fingiram ser atacados e tentaram escravizar os índios, mas eles resistiram. Já os negros estavam em grande número e não havia leis os protegendo. As igrejas, inclusive, possuíam escravos. Dessa forma começa o tráfico de escravos. O pacto colonial era o pacto imposto sobre a colônia. Esta só podia produzir gêneros primários, os que interessavam a Portugal com objetivo de vender na Europa. A colônia só podia comercializar com a metrópole. Aquela era obrigada a comprar produtos caros desta e vendia baratos os seus. Com isso podemos comparar o crescimento norte americano que foi colônia de povoamento e nós de exploração. Estudos históricos recentes descobriram que era comum o senhor ceder aos seus escravos um pouco de terra para ele trabalhar para seu próprio consumo nos fins de semana, dessa forma o escravo se tornava uma espécie de mini-consumidor. Isso demonstra que a economia não se baseava somente no plantation, mas também no mercado interno. Foi descoberto que a monocultura era de preferência dos latifundiários e não imposto pela Coroa. O crescimento econômico se deu não por interesse da colônia, mas sim porque os senhores de engenho se beneficiavam com isso, apesar de todas as restrições do monopólio colonial. O aspecto principal da sociedade colonial era a plantagem escravista.
Fonte: Nova história crítica do Brasil: 500 anos de história malcontada / Mario Furley Schimidt. - São Paulo: Nova Geração, 1997.
Até mais ou menos 1530 Portugal não considerava que o Brasil tivesse muito valor econômico. O comércio com o Oriente já não estava a mesma coisa. A expansão marítima exigia investimentos caros. Portugal começou a se endividar com os banqueiros Holandeses, portanto a maior parte dos lucros de Portugal ficava com a Holanda. Outros países Europeus haviam chegado ao Oriente, fazendo uma concorrência devastadora. Então Portugal se lembrou do Brasil. As condições do clima e solo atraíram os portugueses. Portugal tinha condições e grandes interesses de investir no cultivo de açúcar. Como Portugal não estava tão bem economicamente e tinha grandes preocupações no oriente, para colonizar as terras, decidiu dividi-la. Surgiram então as Capitanias Hereditárias. Cada capitania ficaria com um capitão donatário. A carta de doação dava ao donatário a “posse” da capitania, mas não a propriedade. O donatário poderia explorar a terra como quisesse, contanto que pagasse impostos. Seus filhos e descendentes herdariam os direitos, mas a terra continuaria pertencendo a Coroa, que poderia retomá-la na hora que desejasse. O donatário poderia doar terras para outras pessoas, estes seriam os sesmarias. Os sesmarias não deviam nenhuma obrigação as doador, a não ser o pagamento de impostos. Os forais eram documentos que mostravam os deveres e direitos dos donatários. Os donatários podiam explorar ouro caso achassem, mas deveriam pagar impostos de 1/5 à coroa. Em 1532, chegou à primeira expedição colonizadora, eram mais ou menos 400 pessoas chefiadas por Martim Afonso de Souza. Foi fundada a primeira Vila do Brasil: São Vicente, no litoral de São Paulo, onde também se instalou o primeiro engenho de açúcar. As capitanias não deram certo. As terras eram muito grandes e faltava dinheiro para os donatários investir: Apenas 2 capitanias se sobressaíram, a de São Vicente e a de Pernambuco, devido ao cultivo de açúcar. Para apoiá-las Portugal criou um governo geral e para ser sede, foi fundada a cidade de salvador, na Bahia. Vários poderes dos donatários foram transferidos para o governador geral. Este governador possuía 3 principais auxiliares: - Provedor-mor: cuidava das finanças; - Ouvidor-mor: Lidava com a justiça na colônia; - Capitão Mor: Tratava da defesa militar. Os três primeiros governadores do Brasil foram: -Tomé de Souza: trouxe gados e jesuítas. Para estimular a fundação de engenhos de açúcar, liberou seus proprietários dos pagamentos de impostos. -Duarte da Costa: No período de seu governo os franceses invadiram o Rio de Janeiro (1555). Alguns jesuítas foram para os campos de piratinga e fundaram uma escola. Em volta dessa escola foi criada a cidade de São Paulo. -Mem de Sá: Expulsou os franceses e matou muitos índios. As capitanias duraram até o século XVIII, quando o Marquês de Pombal ordenou sua extinção.
Fonte: Nova história crítica do Brasil: 500 anos de história malcontada / Mario Furley Schimidt. - São Paulo: Nova Geração, 1997.
O período pré colonial O período pré colonial foi o período em que Portugal não se interessou pela efetiva colonização do Brasil em função deste não preencher os seus interesses mercantilistas (metais e comércio). Os principais motivos para o desinteresse de Portugal pela colonização foram que os portugueses não encontraram, no Brasil, sociedades organizadas com base na produção para mercados. O Brasil aparentemente não oferecia metais preciosos nem produtos para o comércio. Pelo fato da crise demográfica portuguesa e também porque Portugal estava concentrado em torno do comércio Oriental (índias). Durante esse período Portugal limitou-se a enviar para o Brasil expedições de reconhecimento e de defesa e iniciou a extração do pau-brasil. Ocorreram se algumas expedições exploradoras: • Gaspar de Lemos (1501). • Gonçalo Coelho (1503). + objetivos: fazer o reconhecimento geográfico e verificar as possibilidades de exploração econômica da nova terra descoberta. + resultados: denominação dos acidentes geográficos e constatação da existência de pau-brasil. • Cristóvão Jacques (1516-1526). + objetivos: policiar o litoral e expulsar os contrabandistas.
Exploração do pau Brasil:
O pau Brasil tinha um grande objetivo econômico para os portugueses, seu tronco servia para fabricar um corante vermelho e a madeira para moveis, quem cortava a madeira e levava para os navios eram os índios, os portugueses davam objetos que os indígenas apreciavam em troca do pau, o famoso escambo (tipo de relação de trabalho onde há troca de serviço/mercadoria por outra mercadoria).
Fonte: Nova história crítica do Brasil: 500 anos de história malcontada / Mario Furley Schimidt. - São Paulo: Nova Geração, 1997.
Na transição da idade média para a idade moderna sugiram os estados nacionais (absolutismo e mercantilismo) a imprensa, as armas de fogo; avanço nas ciências e também nas navegações. Com o aparecimento da classe comerciante (a burguesia), se desenvolveu a divisão do trabalho em que na região rural se plantava e criava animais; e na região urbana havia comércio, artesanato e bancos. As cruzadas propiciavam o comercio entre Europa e Arábia.
No início dos estados nacionais desapareceram os feudos e o rei seria o encarregado pelo estado e sua ordem. Além do sistema Absolutista foi criado o mercantilismo, e assim o rei também interviria na economia.
As grandes navegações começaram a se desenvolver em Portugal e foram impulsionadas pelo comércio com o oriente, que dava muito lucros. A rota terrestre trazia grandes dificuldades e prejuízos; e o mar mediterrâneo era dominado pelos italianos. Os portugueses se aventuravam contornando a África, financiados pela burguesia, nobreza e o clero que estava interessado em expandir a influência da igreja.
Portugal tinha pontos favoráveis para ser pioneiro da expansão marítima: foi o primeiro país a se consolidar como estado nacional, e já possuía experiência nos mares. Além da necessidade do comércio, a busca por ouro impulsionou a expansão marítima contornando a África, onde se encontrava metais preciosos e homens que eram vendidos como escravos. Depois de várias expedições, Vasco da Gama chegou às Índias e retornou com grandes lucros.
Na expedição de Cabral o principal objetivo era comercializar com o oriente, porém vieram ao Brasil, terra, que pelo tratado de Tordesilhas, era posse de Portugal.
Fonte: Nova história crítica do Brasil: 500 anos de história malcontada / Mario Furley Schimidt. - São Paulo: Nova Geração, 1997.