quarta-feira, 1 de julho de 2009

O segundo reinado



O segundo reinado foi um período de quase meio século sem nenhuma grande rebelião contra o governo central.

Dom Pedro II administrava a país a favor dos interesses dos grandes proprietários e usava sua força (guarda nacional, exercito, juízes, etc.) para manter os outros grupos sociais bem quietinhos. Assassinados, presos ou apavorados, os liberais quase sumiram do cenário político nacional. O povo humilde recuou.

No ano de 1847, o parlamento brasileiro alterou a constituição e estabeleceu a monarquia parlamentar, “o imperador reina, governa e administra.”

Era o imperador que nomeava o primeiro-ministro e quem tinha o poder conseguia manipular as eleições a seu favor. Assim, quando o imperador nomeava o chefe de governo, já estava decidido o partido vencedor das eleições. D. Pedro II comandava a alternância dos Partidos Liberal e Conservador, agradando os dois lados. Criava-se a imagem de que D. Pedro II era o “conciliador nacional”, “o imperador de todos os brasileiros”, “sábio e bondoso”. O parlamentarismo era então a chave da estabilidade.

Nordeste se revolta: O café dominava cada vez mais a economia nacional, ou seja, no sudeste estava a grana e o poder. A economia do nordeste estava de mal a pior. Os fazendeiros nordestinos buscavam ganhar dinheiro vendendo escravos para o sudeste. Precisavam garantir a submissão dos caboclos. Então, para impedir que homens livres ficassem trabalhando para si mesmo, e não para os fazendeiros, tomaram suas terras. Os latifundiários se revoltaram dando origem a revolta e ronco da abelha nos sertões de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Ceará, em 1851.

Os impostos caíram sobre os pobres e para completar o governo anunciou que as antigas medidas Carroba, fanda e alqueire) não podiam ser mais usadas e seriam substituídas por metro e quilograma. O povo se recusou a aceitá-las originando a Revolta do Quebra-quilos.

Se controlava o povo pelo recrutamento militar. Indivíduos insatisfeitos e rebeldes eram convocados e podiam ficar anos servindo no exército e na marinha. Muitas mulheres revoltadas com a ausência forçada do filho, do marido, ou do irmão se juntaram na Guerra das mulheres.

Não era só Café: A exportação de açúcar sofria a concorrência de Cuba e de Porto Rico. A Borracha, extraída da Amazónia começou a se destacar na pauta de exportações, trazendo poderes ao Norte.

Guerra do paraguai:

No século XIX, as nações americanas emancipadas após a crise do sistema colonial se lançaram ao desafio de estabelecerem a soberania política e econômica de seus territórios. Essa seria uma tarefa bastante difícil, pois passados séculos de dominação colonial, esses novos países teriam que enfrentar os desafios estabelecidos pelo capitalismo industrial e financeiro do período.
Esses países ainda estavam presos a instituições corruptas e a antiga economia agroexportadora. Contrariando essa tendência geral, durante o século XIX, o Paraguai implementou um conjunto de medidas que buscavam modernizar o país.

Nos governos de José Francia (1811-1840) e Carlos López (1840-1862) o analfabetismo foi erradicado do país e várias fábricas foram instaladas com o subsídio estatal. Além disso, melhorou o abastecimento alimentício com uma reforma agrária que reestruturou a produção agrícola paraguaia ao dar insumos e materiais para que os camponeses produzissem. Esse conjunto de medidas melhorou a condição de vida da população e fez surgir uma indústria autônoma e competitiva.

No ano de 1862, Solano López chegou ao poder com o objetivo de dar continuidade às conquistas dos governos anteriores. Nessa época, um dos grandes problemas da economia paraguaia se encontrava na ausência de saídas marítimas que escoassem a sua produção industrial. Os produtos paraguaios tinham que atravessar a região da Bacia do Prata, que abrangia possessões territoriais do Brasil, Uruguai e Argentina.

Segundo alguns historiadores, essa travessia pela Bacia do Prata era responsável, vez ou outra, pela deflagração de inconvenientes diplomáticos entre os países envolvidos. Visando melhorar o desempenho de sua economia, Solano pretendia organizar um projeto de expansão territorial que lhe oferecesse uma saída para o mar. Dessa maneira, o governo paraguaio se voltou à produção de armamentos e a ampliação dos exércitos que seriam posteriormente usados em uma batalha expansionista.

No entanto, outra corrente historiográfica atribuiu o início da guerra aos interesses econômicos que a Inglaterra tinha na região. De acordo com essa perspectiva, o governo britânico pressionou o Brasil e a Argentina a declararem guerra ao Paraguai alegando que teriam vantagens econômicas e empréstimos ingleses caso impedissem a ascensão da economia paraguaia. Com isso, a Inglaterra procurava impedir o aparecimento de um concorrente comercial autônomo que servisse de modelo às demais nações latino-americanas.

Sob esse clima de tensões, a Argentina tentava dar apoio a consolidação de um novo governo no Uruguai favorável ao ressurgimento do antigo Vice Reinado da Prata, que englobava as regiões da Argentina, do Paraguai e Uruguai. Em contrapartida, o Brasil era contra essa tendência, defendendo a livre navegação do Rio da Prata. Temendo esse outro projeto expansionista, posteriormente defendido por Solano López, o governo de Dom Pedro II decidiu interceder na política uruguaia.

Após invadir o Uruguai, retaliando os políticos uruguaios expansionistas, o governo brasileiro passou a ser hostilizado por Solano, que aprisionou o navio brasileiro Marquês de Olinda. Com esse episódio, o Brasil decidiu declarar guerra ao Paraguai. A Inglaterra, favorável ao conflito, concedeu empréstimos e defendeu a entrada da Argentina e do Uruguai na guerra.

Em1865, Uruguai, Brasil e Argentina formaram a Tríplice Aliança com o objetivo de aniquilar as tropas paraguaias. Inicialmente, os exércitos paraguaios obtiveram algumas vitórias que foram anuladas pela superioridade do contingente militar e o patrocínio inglês da Tríplice Aliança.

Mesmo assim, as boas condições estruturais e o alto grau de organização dos exércitos paraguaios fizeram com que a guerra se arrastasse por cinco anos. Somente na série de batalhas acontecidas entre 1868 e 1869, que os exércitos da Tríplice Aliança garantiram a rendição paraguaia.

O saldo final da guerra foi desastroso. O Paraguai teve cerca de 80% de sua população de jóvens adultos morta. O país sofreu uma enorme recessão econômica que empobreceu o Paraguai durante muito tempo. Com o final da guerra, o Brasil conservou suas posses na região do Prata.

Em contrapartida, o governo imperial contraiu um elevado montante de dívidas com a Inglaterra e fez do Exército uma instituição interessada em interferir nas questões políticas nacionais. A maior beneficiada com o conflito foi a Inglaterra, que barrou o aparecimento de uma concorrente comercial e lucrou com os juros dos empréstimos contraídos.


Fonte: Nova história crítica do Brasil: 500 anos de história malcontada / Mario Furley Schimidt. - São Paulo: Nova Geração, 1997


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